Desapegue-se e mande a sua ansiedade para bem longe

Quando paramos para analisar a ansiedade, observamos que o medo está na sua raiz. Temos um profundo medo das experiências que o futuro nos reserva, desejamos com todas as forças antever quais serão os resultados das nossas escolhas. Tornamo-nos obcecados pelo controle do que acontece à nossa volta. É como se esperássemos que a vida se assemelhasse a uma bola de cristal, na qual os segredos mais ocultos seriam revelados.

O apego foi uma maneira que encontramos de nos sentirmos mais “seguros”. Não percebemos, entretanto, que as bases de segurança proporcionadas pelo apego são muito frágeis. O caráter fugidio do objeto do nosso apego apenas reforça que este não é o caminho para a segurança interna. Entregamo-nos a toda sorte de vícios porque lá no fundo desejamos que o apego nos traga amparo.

Trata-se, portanto, de uma falsa segurança que é sustentada pela ideia de que tudo aquilo que adquirimos está sujeito ao nosso controle. Não notamos, em contrapartida, que a busca exclusiva por fontes externas de segurança está fadada ao insucesso, sendo esta procura a geradora de mais ansiedade na nossa vida.

A melhor forma de conquistarmos a segurança que precisamos e afastarmos a ansiedade é nos responsabilizando por nossos sentimentos. Os nossos sentimentos funcionam como uma liderança interna, eles estão sempre nos deixando saber se estamos cuidando bem de nós mesmos ou se estamos nos abandonando. Quando nos sentimos ansiosos, na maior parte das vezes, é porque não estamos escutando nossos sentimentos.

Alimentar pensamentos, tais como: “eu sou um idiota!” ou “eu sou um fracassado e nunca vou conseguir nada na minha vida!” só funcionam para nos deixar mais ansiosos, solitários e abandonados. O julgamento de si mesmo é uma das maneiras mais terríveis que inventamos para aumentar a ansiedade. Na próxima vez que um pensamento ansioso lhe ocupar a mente, faça esta análise sincera:

“O que você está dizendo para si mesmo que está criando a ansiedade?”

Esperamos da vida garantias, mas não percebemos que vivemos em um mundo de incertezas. E sim, essa ideia pode parecer apavorante. Contudo, o viver envolve aceitar as incertezas da vida. Quando aceitamos que não temos o controle de tudo que nos cerca, convencemo-nos que não devemos nos apegar a nada. O refúgio mais seguro que podemos entrar em contato somos nós mesmos e, por esse motivo, devemos ser os nossos melhores amigos.


Saulo de Oliva

Médico, especializado em Psiquiatria. Psicólogo.

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