Todos já ouvimos alguém nos falar que quem ama demais sofre. Talvez tenham esquecido de nos dizer que quem pouco ama também sofre. Então, qual o sentido de impormos limites a um sentimento que nos invade por inteiro e, como se não bastasse, ainda transborda o nosso ser?
Não precisamos pedir licença para amar porque o amor é nosso e de mais ninguém. Você não decide arbitrariamente quem ama, apenas se permite viver aquela experiência. Fazemos as malas e embarcamos para uma viagem que não conhecemos o destino final. Guardamos conosco a certeza que chegaremos em algum lugar, se será bom ou ruim deixemos que os mistérios da vida nos respondam.
Até lá, o que nos resta é a entrega. Sinto muito, mas o amor não foi feito para ser controlado e também não nos dá garantias. Quando nos entregamos para o outro, abrimos mão da nossa segurança que por tanto tempo nos esforçamos em proteger, revestindo-a como uma concha. Quando nos entregamos, nos despimos e nos revelamos como verdadeiramente somos.
Entrega, envolvimento e troca afetiva só conhecem uma palavra – confiança. Pois se não há confiança, não se tem coragem para a entrega. E se não há entrega para si mesmo e abertura para o outro, esquecemos, por um instante, que o nosso amor é transbordante.