Não peço desculpas por meu amor ser transbordante

Todos já ouvimos alguém nos falar que quem ama demais sofre. Talvez tenham esquecido de nos dizer que quem pouco ama também sofre. Então, qual o sentido de impormos limites a um sentimento que nos invade por inteiro e, como se não bastasse, ainda transborda o nosso ser?

Não precisamos pedir licença para amar porque o amor é nosso e de mais ninguém. Você não decide arbitrariamente quem ama, apenas se permite viver aquela experiência. Fazemos as malas e embarcamos para uma viagem que não conhecemos o destino final. Guardamos conosco a certeza que chegaremos em algum lugar, se será bom ou ruim deixemos que os mistérios da vida nos respondam.

Até lá, o que nos resta é a entrega. Sinto muito, mas o amor não foi feito para ser controlado e também não nos dá garantias. Quando nos entregamos para o outro, abrimos mão da nossa segurança que por tanto tempo nos esforçamos em proteger, revestindo-a como uma concha. Quando nos entregamos, nos despimos e nos revelamos como verdadeiramente somos.

Entrega, envolvimento e troca afetiva só conhecem uma palavra – confiança. Pois se não há confiança, não se tem coragem para a entrega. E se não há entrega para si mesmo e abertura para o outro, esquecemos, por um instante, que o nosso amor é transbordante.


Saulo de Oliva

Médico, especializado em Psiquiatria. Psicólogo.

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