Humanos do século XXI: O abandono do esforço por conhecimento

“Caso haja necessidade, deixemos de lado aquela ponte sobre o rio, o que nos obrigaria a dar uma pequena volta, mas, em contrapartida, construamos um arco de sabedoria sobre o abismo escuro da ignorância que nos isola.” –Henry D. Thoreau

 

Há cerca de 160 anos, Thoreau nos forneceu uma analogia capaz de ilustrar perfeitamente os tempos mais modernos e nos ajudar a perceber como o útil e o prático nem sempre levam ao caminho mais proveitoso.

Vivemos em uma constante e insaciável busca por informação, onde o conhecimento é involuntariamente deixado de lado. Isso se dá pelo fato da informação ser incrivelmente viciante e útil no curto prazo e, graças ao fácil acesso à tecnologia, qualquer demanda sobre um assunto em específico pode ser facilmente atendida. Surfamos em uma onda massiva de informações rápidas, capazes de proporcionar ótimos tópicos em uma conversa no bar, ótimos argumentos prontos em uma discussão ou vários assuntos rasos e aleatórios usados para impressionar alguém.

Mas até que ponto esta onda nos leva? A informação rápida acaba, por vezes, tornando-se descartável e levando consigo as pessoas que dela usufruem. O preço do conhecimento muitas vezes é o cansaço, o esforço requerido para mergulhar cada vez mais fundo em um assunto. O preço da informação é o esquecimento e o desinteresse.

A “ponte sobre o rio” no fragmento de Thoreau ao início do texto, pode ser interpretada como nosso Feed, que, ao levarmos a tradução ao pé da letra, “alimentar”, nos permite distinguir perfeitamente conhecimento de informação, onde informação é como um fast-food, que nos sacia momentaneamente e de uma maneira bem fácil de adquirir. Enquanto o conhecimento é um banquete, aquele às vezes singelo, mas preparado por nós mesmos, e que reflete não apenas o sabor, mas o esforço requerido para fazê-lo.

A informação é uma lagoa extensa, porém rasa, que você molha os pés e caminha por toda a superfície. O conhecimento é um poço, que independente do quão fundo você está, há sempre mais para mergulhar.


Victor Taveira

"A ciência, meu rapaz, é feita de erros, mas de erros benéficos, já que conduzem pouco a pouco à verdade." -Júlio Verne Goiano, atualmente no Rio Grande do Sul e futuramente na estrada. Estudante de Economia na Universidade Federal de Pelotas, pesquisador no Núcleo de Pesquisas Econômicas, pesquisando sobre microeconomia aplicada a parcerias público-privadas.

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