Lesão cerebral transforma homem em gênio da matemática

  Jason Padgett, em 2002, foi vítima de um brutal ataque. As sequelas foram uma concussão, transtorno de estresse pós-traumático e um interesse repentino por matemática que apenas não existia antes da lesão. Curioso, não?

Mas foi exatamente assim que aconteceu: enquanto estava se recuperando, Padgett simplesmente começou a ver o mundo de forma diferente. Aos olhos dele, todas as coisas assumiram um aspecto pixelado. É como se cada imagem fosse um quadro e a ligação entre um e outro não fosse tão rápida e suave como para uma pessoa com visão dita “normal”.

Ele também começou a ver formas geométricas em quase todos os lugares. “Eu vejo as formas e ângulos em todos os lugares na vida real”, contou Padgett. Desde em um simples arco-íris até na água que escorre pelo ralo. “É realmente muito bonito”, completou.

Padgett também começou a desenhar formas geométricas frequentemente sem saber o que elas significavam. Até o dia que um físico o viu despretensiosamente desenhando em um shopping e o encorajou a estudar matemática. Foi aí que ele percebeu que a nova condição de seu cérebro agora o permitia entender conceitos extremamente complexos, como o de pi.

Síndrome de Savant explica!

Aconteceu que as lesões sofridas desbloquearam uma parte de seu cérebro, fazendo com que o mundo passasse a se parecer como uma estrutura matemática para ele. Essa extraordinária capacidade é algo que os médicos chamam de Síndrome de Savant, em que uma pessoa normal desenvolve habilidades especiais após sofrer alguma lesão, como no caso de Padgett.

Não preciso nem dizer o quão extrema e absolutamente raro é isso, não é? Para você ter uma ideia, até hoje, apenas cerca de 15 a 25 casos dessa síndrome foram registrados, como o traumatismo craniano que libertou um gênio musical e a mulher que virou uma excelente desenhista após sofrer lesões cerebrais. É ainda mais raro alguém adquirir habilidades matemáticas, como as que Jason Padgett adquiriu.

É como se as sequelas da lesão que ele sofreu fossem superpoderes.

Além da matemática

As habilidades de Jason Padgett não param na matemática e no dom de ver formas geométricas em todas as formas. Ele também parece ter sinestesia, que é um fenômeno em que um sentido se mistura ao outro, o que lhe permite perceber fórmulas matemáticas como figuras geométricas. Já pensou que incrível ter um cérebro com essa capacidade?

O que os neurocientistas acham de tudo isso?

Fascinados com o que poderia estar causando essas habilidades únicas, os neurocientistas começaram a realizar uma série de estudos com o cérebro de Pagnett. Eles agora acreditam ter finalmente descoberto que parte desse incrível cérebro foi alterado para desbloquear suas novas habilidades.

Usando ressonância magnética funcional e simulação magnética transcraniana, que envolve o cérebro com um pulso magnético para ativar ou inibir uma região específica, os pesquisadores descobriram que a atividade no córtex parietal de Padgett parecia estar sendo a causa de suas habilidades incomuns. O córtex parietal é uma área atrás da coroa da cabeça, conhecido para integrar informações de diferentes sentidos.

Em um outro estudo, Berit Brogaard, um professor de filosofia agora na Universidade de Miami (nos Estados Unidos), que liderou a série de pesquisas feitas em Pagnett, mostrou que quando os neurônios morrem, liberam substâncias químicas cerebrais de sinalização que podem aumentar a atividade cerebral em áreas circunvizinhas. O aumento da atividade normalmente tende a desaparecer ao longo do tempo, mas também pode resultar em alterações estruturais que provocam modificações na atividade do cérebro que podem persistir – o que pode ser o caso de Padgett.

Isso sugere que, se estimulados corretamente, todos os cérebros humanos podem ter o potencial de ver o mundo como Padgett vê, mesmo que seja apenas temporariamente.

Mas antes mesmo de você começar a sonhar com essa possibilidade, temos um banho de água fria: ainda não se sabe se existe alguma perda ao se adquirir essa habilidade. No caso de Jason Padgett, por exemplo, as consequências são um transtorno de estresse pós-traumático bastante grave e transtorno obsessivo-compulsivo. Você estaria disposto a pagar esse preço?

Apesar de seu trágico acidente, a atual condição deste paciente nos fornece algumas dicas incríveis sobre como nossos cérebros funcionam e como nos relacionamos com o mundo que nos rodeia. E o mais legal de tudo é que Padgett não mudaria a dinâmica de seu novo cérebro por nada no mundo. “É tão bom que eu não consigo nem descrevê-lo”, diz.

[LiveScienceSciece Alert|Hypscience]


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