Por que o sexo já não é tão ‘quente’ em relacionamentos longos, segundo especialistas

Uma rapidinha à noite, antes de dormir, sem nem precisar tirar todo o pijama porque dá trabalho e está frio. Ou de manhã, naquela mesma posição confortável de sempre, em que ninguém precisar fazer um grande esforço – mas vai logo para a gente não chegar atrasado ao trabalho. Se você reconhece seu relacionamento em alguma dessas situações, pode ser que você e seu parceiro ou parceira estejam passando por uma fase comum a namoros e casamentos longos. Mas não se desesperem, porque é algo que, além de normal, também é solucionável.

Embora não seja mandatório que se caia na rotina depois de muito tempo, é comum que, após anos juntos, o sexo seja um dos aspectos mais afetados. Obviamente, não há um período padrão, após o qual tudo azeda, como em um prazo de validade de um iogurte. O que acontece é que, com a convivência, o empenho e tempo que cada parte do casal dedica à relação diminui – e isso, geralmente, acaba acontecendo na mesma proporção em que o tempo lado a lado na mesma cama vai se passando.

Por medo de desagradar o parceiro, muitos cônjuges omitem suas insatisfações, principalmente quanto ao sexo, e passam a ter relações amorosas menos prazerosas.

“Por medo de desagradar o parceiro, muitos cônjuges omitem suas insatisfações, principalmente quanto ao sexo, e passam a ter relações amorosas menos prazerosas. Por outro lado, a outra parte pode até sentir que algo está estranho, mas opta também por não tocar no assunto. Esse é o maior erro de muitos casais”, resume a psicóloga Raquel Jandozza, especializada em Psicanálise Lacaniana pela PUC-SP. Para ela, o sexo sem grandes emoções tem muito mais a ver com a indisponibilidade do casal do que com a quantidade de tempo que estão juntos.

Após longas fases sem compartilhar suas preferências, gostos e até insatisfações quanto ao sexo, quando se dão conta, os parceiros percebem que aquele problema inicial acabou por distanciá-los também em outros aspectos da relação, o que pode trazer consequências complexas. A psicóloga explica que o grande problema está no tempo que o casal demora para encarar os problemas, o que acaba por afetar sua intimidade.

“O sexo começa muito antes de ir para a cama. O casal precisa estar em sintonia diária para que o sexo possa ser prazeroso”, avalia Raquel. “Os principais hábitos que levam não só o sexo a cair na rotina são a falta de comunicação sincera e empática, e a ausência do cuidado e disposição para acolher as necessidades do parceiro”.

Autora de uma tese sobre casais e poliamor, a mestre em Psicanálise Diana Dahre também defende que uma boa conversa é a chave para que o casal primeiro identifique quais são os pontos delicados do relacionamento e, com isso, busquem, juntos, uma solução. “Um bom diálogo, sem exigências e sem brigas, ajuda a tentar descobrir quais são as causas da perda do interesse sexual. Elas devem ser discutidas para que um possa ajudar o outro”.

É preciso ficar atento para que a conversa seja respeitosa, e não somente a apresentação de uma lista de críticas ao desempenho do parceiro.

Para Raquel Jandozza, é preciso ficar atento para que a conversa seja respeitosa, e não somente a apresentação de uma lista de críticas ao desempenho do parceiro. A ideia, segundo ela, é que cada um conheça seu próprio corpo e o que lhe dá prazer e, assim, apresente tudo ao companheiro ou companheira, para que ele ou ela saibam o melhor caminho para a sedução e excitação na hora da transa. “Com isso, a performance de ambos melhora e o sexo torna-se ainda melhor”.

Só cuidado para, além de não ficar só enumerando os problemas do outro, também não escolher o momento errado para abordar o assunto. Com isso, nada de puxar do bolso uma apresentação de PowerPoint com todos os defeitos do namorado ou namorada no meio de uma reunião social entre amigos, na frente da família ou, pior, com colegas de trabalho por perto.

Também não vale resolver falar sobre os problemas no sexo justamente quando está se bem no meio de uma relação sexual – a cama deve ser lugar para transar, descansar e dormir, e não para discutir. “Reclamar do parceiro durante a relação pode deixá-lo constrangido. Para falar sobre o sexo, é importante que não seja com um tom de imposição”, reforça Diana, que explica que, se for do desejo e consentimento de ambos, o casal também pode buscar em conjunto a ajuda de um terapeuta ou de um profissional da área médica de confiança.

Todo sujeito saudável apresentará igualmente uma sexualidade saudável.

Aliás, este deve ser o caminho quando uma das partes percebe que a perda do tesão pode envolver um desequilíbrio em sua saúde física ou emocional. “Em alguns casos, pode ser necessário algum tipo de tratamento hormonal e, claro, a psicoterapia, ferramenta extremamente importante para o autoconhecimento e resolução de conflitos emocionais e conjugais que possam estar afetando a sexualidade”, explica Raquel. “Todo sujeito saudável apresentará igualmente uma sexualidade saudável”.

E ser saudável envolve, também, encarar o sexo como algo natural e pertencente à rotina. Poder falar sobre o tema, vê-lo como algo inerente ao ser humano, e, com isso, ter abertura e maturidade para receber as colocações do parceiro e da parceira a esse respeito são fatores fundamentais para que este seja um assunto que tenha sempre espaço dentro da relação.

“Este deve ser um tema cuidado tanto quanto fazemos com nossa alimentação, atividades físicas etc. Muitos casais se desdobram para ir à academia e não se empenham em se preparar para uma noite de amor”, aponta Raquel. A psicanalista Diana concorda: “Cuidar da aparência física e da saúde também devem ser pontos fortes. Com o passar dos anos, muitos casais ficam mais desleixados e isso afeta diretamente na autoestima e no desejo sexual também”.

Primeiro de tudo, não se pode ter medo ou vergonha de admitir que o sexo não está bom.

Para ela, é importante que ambas as partes se lembrem de que elogios, admiração, generosidade e atitudes positivas são sempre bem-vindas na relação de um casal. Isso inclui expor as preferências e desejos, partilhas as fantasias e estarem prontos para se empenhar e adotar quaisquer mudanças que sejam necessárias, sem julgamentos, conforme orienta Raquel.

“Primeiro de tudo, não se pode ter medo ou vergonha de admitir que o sexo não está bom. Trazendo esse assunto para a vivência diária, a intimidade e autoconhecimento são inevitáveis. O casal amadurece junto e, o que antes era repressão, vergonha e insegurança, torna-se autoconfiança, autoestima e uma parceria incrível não só na cama”.

Fonte: Huffpost


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