O Amor na contemporaneidade!!

No período medieval as manifestações artísticas culturais ocorriam por meio da oralidade de jograis (cantadores de classe popular), essas cantigas eram compostas com finalidade de expressar confissões dolorosas, angustiantes das experiências passionais dos trovadores frente a uma dama inacessível, muitas vezes por questões sociais, isso nas cantigas de amor. Nas cantigas de amigo os trovadores ainda descrevem sobre o sofrimento amoroso, só que diferente das antigas de amor, os trovadores agora expressam o outro lado da relação, o eu lírico das obras agora é uma mulher, via de regra pertencente a classes populares, na qual expressa sua dor por ter sido abandonada por razões de o parceiro ter ido para a guerra ou em viagens marítimas ou até ter sido trocada por outra mulher. Essas cantigas criavam-se entre poesia e a música, pois as líricas eram manifestadas pela oralidade dos cantos seguida por instrumentos musicais (de sopro, corda, percussão).

A concepção de amor traz consigo diferentes interpretações ao decorrer das épocas, semanticamente, no período medieval (Sec.XI-XV), focando no amor romântico de um cavalheiro por uma dama, o amor era denominado como “amor cortês, segundo Francis Newman(1968),  esse termo era compreendido como : “uma experiência contraditória entre o desejo erótico e a realização espiritual, um amor ao mesmo tempo ilícito e moralmente elevado, passional e autodisciplinado, humilhante e transcendente”(PG08) Observa-se  que tal definição apresentada implica numa série de intepretações subjetivas, ora o jovem cavalheiro idealiza sua dama, ora a ver como idealização de seus desejos eróticos carnais e ao mesmo tempo como uma espécie de experiência transcendental e espiritual, que apenas se alcança por meio da aprovação de sua dama idealizada e para tal aprovação o cavalheiro faz cortejos e atende ao desejos da sua dama idealizada, segundo afirma Chrétien de Troyes (1988) em sua obra Lancelote, o Cavaleiro da Carreta. O amor cortês tinha como característica principal de ser platônico, vivido o enaltecido apenas no devaneios de homens que assumiam certos comportamentos como: ser submisso a dama idealizada, realiza cortejos a ela, a dama em si é perfeita e inacessível, os cavalheiros medievais relacionavam o amor como uma religião, pacto de devoção e de entrega súbita.

Para Spina (1965) a fonte de quase toda a literatura da baixa idade média é o amor, amor profano, elemento que permeou numa gama de produções líricas e na novela palaciana; o amor sagrado, fermento das representações litúrgicas de toda esta época.

Knight and medieval lady at outdoor

 

Na produção romântica do século XIX observamos que a concepção do amor na percepção do romance romântico, o amor é o elemento fulcral da vida, ele é a parte mais elevada do homem. Segundo Kluckhohn (1966). Os românticos concebiam e idealizavam o amor como uma experiência inatingível e que tal não realização desta experiência frustra o homem a níveis de levá-lo a exaltar a morte como forma para eliminar seu árduo sofrimento.

Na contemporaneidade, o amor ganha novas formas de interpretações, mas ainda mantém características de eras passadas, para Borges (2004), o amor romântico se constitui como aquele que nunca alcança a correspondência, sendo uma busca contínua. Na revista Atualidades encontra-se a música Todo amor que houver nessa vida de Cazuza/Frejat, onde é abordado o amor como um sentimento paradoxal; é desejado amar aos extremos, mesmo sabendo que será tedioso e monótono devido a subjetividade; a definição do amor não é única; e, cada um interpreta como deseja.¹

Para Shiniashiki (1988), o amor para os românticos era um fato que exalava neles, mas em última análise é algo inexplicável Na produção romântica O sentimento amoroso relaciona-se à ideia de elevação da alma, de um plano inatingível, por isso, a morte é algo exaltado : ao morrer, o eu lírico pode perder sua natureza física e material e adquirir, como a imagem da mulher amada, uma essência espiritual.

Para Pondé, “Os medievais pensavam algo como ‘o amor é uma delícia, mas reze para não acontecer com você’. Era como uma doença da alma. Os românticos é que universalizaram o amor e deram a ele uma perspectiva salvacionista, como um modo de superar o mundo materialista”.²

 

REFERÊNCIAS:

Borges, M. L. (2004). Amor. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor.

NEWMAN, Francis X., ed. (1968). The Meaning of Courtly Love

SHINIASHIKI, R. 1988. Amar pode dar certo. São Paulo, Gente, pg.186

TROYES, Chrétien de; OWEN, D. D. R. (tradutor). Arthurian Romances. Nova York: Everyman’s Library, 1988

NADAI, Mariana, Análise da redação”Amor na contemporaneidade”,Guia do estudante,2017 disponível em: https://guiadoestudante.abril.com.br/blog/redacao-para-o-enem-e-vestibular/analise-da-redacao-amor-na-contemporaneidade-texto-editorial-tema-retirado-do-vestibular-2013-2-da-ufg/,acessado em 29.fev.2019.¹

LUCHESE, Alexandre, Luiz Felipe Pondé discute o amor entre o impulso e o compromisso,GauchaZH,disponível em: https://gauchazh.clicrbs.com.br/cultura-e-lazer/livros/noticia/2017/11/luiz-felipe-ponde-discute-o-amor-entre-o-impulso-e-o-compromisso-cja0a0spl04om01ms2uqk318t.html,acessado em: 29.fev.2020 ²

 

 


João de Jesus

Graduado em Letras Licenciatura e suas respectivas Literaturas e colunista da revista Vida em Equilíbrio Entusiasta das artes; Literatura, Música e Cinema e de Aviões. "A força da evolução é infinitamente maior que os obstáculos que impendem o caminho." Efeito Sombra

Comentários

Comentários

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *