Encontrar alguém que não deixe as diferenças abalarem ou fazerem o relacionamento não funcionar é mais raro que encontrar alguém trabalhando em uma Assembleia Legislativa às sextas. Não devemos nos contentar com o que nos faz “mais ou menos” felizes. Ontem vendo fotografias antigas com uma ex-namorada me peguei pensando alto: “será que eu vou ser feliz assim de novo? Será que eu vou ter um relacionamento que, enquanto funciona, seja bom assim”? Mas depois eu pensei que, depois dessa namorada, eu tive mais alguns relacionamentos nos quais eu me conformei. Me conformei em não gostar das mesmas coisas, me conformei em reclamarem das minhas roupas, me conformei em não ser tão feliz quanto eu deveria ser. E foi um erro enorme.
Quando apenas nos conformamos, estamos sendo injustos tanto com nós mesmos quanto com a outra pessoa. Nós estaremos em um relacionamento que não nos satisfaz completamente, e a outra pessoa estará com alguém que ela não consegue fazer plenamente feliz. Mas isso é uma contagem regressiva: a cada dia somos menos felizes, a cada dia aceitamos menos, a cada dia aquele abismo entre os dois só cresce. Já somos meio felizes no trabalho. Somos meio felizes vivendo em cidades violentas, sujas e barulhentas. Não precisamos ser meio felizes em algo tão importante e primordial como o amor.
Escolha sim alguém que te aceite. Procure sim alguém que goste da mesma série que você e faça isso virar a piada interna de vocês. Seja exigente e não “aceite” alguém que tenta te mudar, tenta fazer você ser o que você não é — e nem quer ser. Não deixe o medo de ficar sozinho fazer você aceitar um relacionamento que não te faz feliz, que não faz você se sentir aceito, amado. Uma das minhas tatuagens é uma frase do livro 1984, do George Orwell, que diz: “Talvez ele não quisesse ser amado tanto quanto queria ser compreendido”. Ser amado é ótimo, mas ser aceito e compreendido é esplêndido. Não “se contente” com nada. Até porquê, você também não ia gostar de alguém que só se contente com você.